A causa da depressão ainda é muito estudada. A depressão hoje é reconhecida como uma doença multifatorial. Isso quer dizer que existem diversas causas que podem contribuir com o surgimento de depressão. Sabemos ainda que existe um forte influência dos fatores genéticos e que fatores ambientais talvez sejam mecanismos "gatilho" para depressão. Sabemos que situações de estresse agudo ou crônico também são causas de depressão. Uma das explicações para o desenvolvimento de depressão nesses casos pode ser uma elevação crônica nos níveis séricos de ACTH (cortisol). Alguns autores sugerem que esse hormônio poderia sensibilizar determinadas áreas do cérebro levando a alterações neurofisiológicas da depressão. Hoje em dia existem provas claras de alterações não só no funcionamento, mas também na anatomia cerebral durante a depressão crônica. Neurologicamente há evidências sobre a participação do hipocampo no desenvolvimento da depressão, e o estresse parece ser um importante fator na diminuição da neurogênese. Conseqüentemente, o estresse e a inibição da neurogênese são importantes fatores no desenvolvimento da depressão. Segundo estudo bem elaborado por Lupien e col., a atrofia (diminuição) do hipocampo observada na depressão seria decorrente dos níveis elevados do cortisol, produzido pelas supra-renais durante o estresse. Coerentemente, está cada vez mais evidente que os antidepressivos podem prevenir a atrofia do hipocampo, bem como aumentar a neurogênese, principalmente se seu uso for crônico. Os antidepressivos são efetivos no tratamento agudo das depressões moderadas e graves, porém não são diferentes de placebo em depressões leves. Os tratamentos psicológicos específicos para episódio depressivo são efetivos com maiores evidências para depressões leves a moderadas. As evidências sugerem:
1) uma eficácia semelhante para antidepressivos, psicoterapia cognitivo-comportamental, comportamental e interpessoal ou tratamentos combinados em depressões leves a moderadas;
2) uma maior eficácia de tratamentos combinados (antidepressivos + psicoterapia) em depressões moderadas a graves;
3) uma ausência de evidência para depressões muito graves.
Vale ainda lembrar que além das causas ambientais promovendo estresse ainda temos as causas não ambientais. Sabemos que alterações metabólicas estão notadamente envolvidas com o desenvolvimento da depressão. Pessoas que sofrem de diabetes (principalmente em casos de descompensação) estão mais propensas a desenvolver depressão que uma população geral. O hipotireoidismo está diretamente relacionado à depressão sendo essa um de seus sintomas. Os pacientes portadores de algumas doenças neurológicas como Parkinson também tem mais chances de desenvolver depressão. Doenças cardiovasculares como o pós infarto cardíaco são fatores de risco para depressão. Resumidamente, existem muitas causas para depressão. O mais importante é saber que não são apenas causas emocionais, mas que causas físicas também estão frequentemente envolvidas na etiologia. Antes de iniciar um tratamento essas causas devem ser descartadas para que os sintomas não se tornem recorrentes. Por exemplo, uma pessoa com hipotireoidismo pode ser tratada com QUALQUER tipo de psicoterapia e QUALQUER antidepressivo e nunca terá melhora total do quadro enquanto seus níveis hormonais não forem corrigidos.
Daniel Medeiros - Médico Psiquiatra CAPSII - Jaraguá do Sul - SC
